E AGORA...PARA ONDE VAMOS?

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Quando me perguntam se blogs e - principalmente - podcasts são apenas "a moda do momento", com toda a tranquilidade e sinceridade do mundo afirmo que não.
Os números atuais indicam claramente que estes elementos midiáticos não são efêmeros. Por exemplo: o Technorati monitora a blogosfera desde novembro de 2002. Nesta data já havia monitorado um total de cerca de 40 mil blogs. Hoje cerca de 100 mil novos blogs são criados por dia! Algo como o dobro daquilo que era produzindo pela blogosfera há 4 anos. E olha só! Aquele antigo formato "meu querido diário" evoluiu a tal ponto que temos hoje os probloggers e os blogs corporativos.
Na realidade a questão não é saber se eles são uma moda ou não, mas quanto tempo vai demorar para os blogs e podcasts sairem desse nicho de nerds.
Os bloggers possuem uma vantagem: é muito simples formatar e distribuir um blog; bastam um browser, um acesso a serviço de web-publishing, e, claro, conteúdo. A partir daí é só sair escrevendo o que der na telha...
Por outro lado, o podcasting exige um esforço considerável a mais, além de escrever o podcaster precisa - no mínimo - dominar as técnicas da comunicação vocal, de gravação e edição de arquivos de áudio e bancar um custo de hospedagem e de banda de tráfego.
Isso me lembra e me faz declarar aqui a urgente necessidade de popularização real do podcasting.
De um lado tornando muito mais simples a sua distribuição, algo assim, tão simples como sintonizar uma rádio FM. De outro divulgar a vantagem do seu ineditismo e abrangência de assuntos e perfis. Penso que divulgando as suas capacidades e riqueza de assuntos, e tornando-os mais acessíveis ao pessoal menos afeito às tecnicidades da internet, com certeza, teremos massa crítica suficiente para estas mídias tornarem-se o formato dominante, em futuro próximo, de comunicação e troca de idéias.
As pessoas normalmente se apegam ao entretenimento e acabam dispendendo boa parte do seu tempo nisso. No século passado as pessoas passaram as décadas de 30, 40 e 50 em frente de um rádio; os anos 60, 70, 80 e 90, ficaram pasmos frente a uma televisão. Agora, no século 21, a próxima geração dominante deste planeta passa horas em frente ao computador, onde a atenção é dividida em uma miscelânea de comunicação, informação, diversão, relacionamento social, econômico e financeiro.
Quando toda essa coisa de Internet começou, antes de ser economicamente viável ou vista como uma oportunidade possível de negócio, a comunicação era simples: um texto na tela! Na verdade ainda agora é simples! Só que agora existem inúmeras ferramentas para tornar mais fácil a publicação e a distribuição de suas idéias, seja em vídeo, áudio, texto... Nunca tanta gente reuniu em um único lugar tantos pensamentos e opiniões pessoais...Estamos conseguindo provocar uma sobrecarga de informação, e ao mesmo tempo, pela diferença da velocidade de inserção tecnológica, não está sendo permitido que o resto da sociedade acesse estas mesmas informações.
Blogging e podcasting não são apenas uma moda de adolescentes. Por enquanto, estão apenas defasados do grande público.
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Se blogs e podcasts não são um modismo e estão em crescimento, seria lógico deduzir que, mais dia, menos dia, a mídia tradicional - como conhecemos - terá sua relevância diminuída. Pois, as ferramentas de captação, produção e edição de podcasts estão cada dia mais baratas e simplificadas, e as bandas de tráfego mais acessíveis e velozes... Porém, e em compensação a mídia tradicional possui um relacionamento muito melhor com os patrocinadores e agências de propaganda; possuem, historicamente, o poder e o controle da informação de massa... só isso indica que elas não irão desaparecer tão facilmente.
Com isso quem ganha é o consumidor de quaisquer que sejam estas mídias, pois todas sem exceção, vão criar - nesta competição - novos e melhores conteúdos.
Certamente não serão criadas novas grandes redes de TV e Rádio; o mais provável é que esta indústria não irá ficar parada e se modernizará rapidamente. Alguns sinais deste movimento (ou seria preocupação?) já são abertamente discutidos em seminários de jornais e de associações de rádio mais sensíveis ao movimento de blogging e podcasting. Estas mídias já notaram a ameaça do podcasting, e se encontram em processo de adequação, lenta, tímida, mas contínua, na busca de evitar um confronto direto e perda completa de seu público.
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Hoje temos excesso de oferta de serviços de comunicação e de criadores de conteúdo. Antigamente eu suava um bocado para conseguir algumas linhas de informação sobre qualquer assunto, mesmo que o mais banal. Hoje temos exatamente o inverso, e aí o critério, a filtragem assumem importância fundamental (olha aí um nicho importante, gente!).
Um outro aspecto interessante é o início da quebra do paradigma da informação de massa. As pessoas, mais e mais, buscam informações com outras pessoas, buscam autenticidade na "sua" rede social, em pessoas reais (mesmo que através de midias digitais), abandonando de vez as companhias de informação, as quais junto com alguma notícia aqui e alí as bombardeiam com mensagens comerciais e ações de merchandising.
Uma coisinha interessante nisso tudo é que o blogging e o podcasting nem de perto ameaçam diretamente o modelo de negócios dos meios de comunicação de massa... O blog e o podcast não têm nada a ver com isso! Eles não são mídias de massa, que possuem um custo direto quase fixo, seja para uma ou milhares de pessoas (leitores, ouvintes ou espectadores). O modelo econômico que permeia os blogs e os podcasts está vinculado a um processo de divulgação extremamente pulverizado e de custos associados a cada assinante.
Outra possibilidade que a dupla blog/podcast nos abre é a de rejeitar um pedaço de papel impresso, vídeo ou áudio com notícias e informações embaralhadas - na forma e no conteúdo - com propagandas e ações de venda; como também permite buscar diretamente o que realmente interessa e suas ricas relações com experiências pessoais.
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Uma das questões mais importantes, que vive nas cabeças dos bloggers e podcasters é: como fazer dinheiro suficiente para manter uma dedicação exclusiva à produção destas coisinhas, se a cada dia há mais gente escrevendo e gravando, e principalmente porque é clara a tendência desta quantidade continuar a crescer?!
Hoje há um bilhão de telefones celulares e prevê-se o dobro em dois anos. Caso não tenha notado o telefone celular é apenas um computador ligado a uma rede que permite que você transmita dados.
Então, quando eu penso sobre as possibilidades desse universo de telefones celulares sou obrigado a supor que estruturas chamadas de blogging e podcasting podem ser ofuscadas por ferramentas desenvolvidas para esse pessoal que já se encontra essencialmente conectado por um aparelhinho portátil e cada dia mais potente... O que isso significa em termos de implicações sociais? Simples! Que teremos de tudo, produções de texto, áudio e vídeo de todos os matizes e níveis de qualidade... E claro, um espaço enorme para comercializar conteúdo!
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De cara a Web 2.0 propiciou aos bloggers e podcasters algo muito importante: assunto! Hoje temos mais clones de clones de clones de clones. ... Todos querem "ser um..." também. Eu quero ser um YouTube. Eu quero ser um Facebook. Eu quero ser um Flickr ... isso dá muito "pano p'ra manga".
Agora, que a Web 2.0 impacta o podcasting e o blogging, não há dúvida, isto é facilmente perceptível. Pois estes meios são a extensão natural daquilo que foi a origem da web: a mídia global de escrita e leitura puras! Ela é uma evolução daquilo que começou lá nos anos 90: a conexão de pessoas permitindo o encontro de iguais e intercomunicação digital... E isso nada mais é que a atual Web 2.0, onde os blogs, podcasts e todas as outras ferramentas convivem, facilitando cada vez mais os processo de criação, produção e distribuição de conteúdos inéditos e/ou pessoais, para, enfim, encontrar outras pessoas com o mesmo espírito dentro deste único meio ou - como chamo - tecido digital...
Alguns sinais importantes da socialização digital: estamos vendo o crescimento da preocupação local novamente. As pessoas em suas comunidades estão, na realidade, encontrando-se, relacionando-se, enfim, criando mutuamente e escrevendo acerca de algumas das coisas que nenhum dos jornais estão cobrindo mais. Os encontros do bairro, as ações de sua comunidade e a vizinhança... As pessoas estão escrevendo sobre a sua faculdade, sua empresa, divulgando reuniões de nichos profissionais, analisando a política local... Assuntos sobre os quais ninguém mais parecia se preocupar há algum tempo atrás. E - olha a surpresa! - nestas atividades típicas de aldeias eles encontram mentes semelhantes! Tornando a busca de concentração em um único espaço geográfico, deste ser gregário, que é o homem, em uma concentração no espaço digital.
Algumas destas ferramentas digitais tem sido utilizadas para ajudar as pessoas a se tornarem amigos na realidade: mais e mais encontros são organizados, através da internet, para trocas de experiências pessoais no tête-a-tête. O que tem-se provado ser uma ótima maneira de as pessoas se organizarem para ajudar a mudar as suas comunidades do mundo real.

Obviamente o assunto não se encerra aqui, mas para o bem da compreensão devo deixar você sedimentar estas observações na esperança que não seja apenas eu nesta relação escritor-leitor a divulgar idéias. Compreende!?

Sérgio Vieira - autor deste artigo, além de podcaster anda doidinho para se tornar efetivamente em um blogger também...

Comentários

Alexandre disse…
Acho que a viabilidade publicitária dos blogs/podcasts está fundamentada na segmentação de público. Não adianta produzir conteúdo "genérico" que tente agradar a gregos e troianos. Os produtores de conteúdo têm que centrar fogo na segmentação, se quiserem vislumbrar algum retorno financeiro a médio ou longo prazo.
sergiovds disse…
Ainda BEM que concordamos, né?! :)

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