Anotações nada notáveis

O título deste post é o título de inúmeros cadernos em que eu escrevia meus textos na década de 70/80... Escrevi muito. Vários cadernos eu presenteei pessoas que atravessaram minha vida e me roubaram instantes na memória, alguns outros cadernos sumiram entre caixas, mudanças e desatenções; apenas 3 exemplares sobreviveram e se encontram comigo (além de uma bela quantidade de folhas soltas devidamente entuchadas numa gaveta).
Voltando a ler as linhas de 30-35 anos atrás, me pego com meus vinte e poucos anos...
Abaixo um exemplo juvenil deste vetusto senhor que em alguns dias completa pela 53ª vez, em vôo solo, mais um giro em torno do Sol.

Timbre (jan1975)
Reprimo em mim a memória de minha estirpe
Qualificada e fincada pelos séculos
No meio de um nome, de uma traição.
O sufocante ar latente que me dirige
Para algo que eu não sei bem o que é
Ou mais precisamente, o que foi
Delega-me moldes e condutas
Tiques e nuances
Nesse meio tempo de vida.
Meu passado é algo mais que minha infância
E meu presente é algo mais que eu próprio
Prossigo impune e renitente
Atrás de mim, destoado
Numa oitava, ou terça 
Do eu dissonante.

Posted via email from Impressões Digitais

Comentários

Postagens mais visitadas