I Dig it 073



I Dig it 073 v. CD
Siamo tutti Oriundi, ê?!
Aproveitando as comemorações dos 150 anos da unificação da Itália, o Brasil irá promover, entre outubro de 2011 e junho de 2012, o Momento Itália-Brasil. Esta série de eventos visa, além de enfatizar as relações sócio-culturais das duas nações, obviamente fortalecer as relações comerciais. Várias ações culturais e de aproximações comerciais manterá os dois países em festa durante todo o período. Exposições de grandes nomes da pintura, além de mostras temáticas, filmes, espetáculos teatrais e de balé percorrerão várias capitais brasileiras durante todo o ano, ao mesmo tempo em que uma seleção cinematográfica,  nos atualizarão com o que há de melhor nessas áreas. Neste Impressões eu conto um pouco da saga dos imigrantes italianos, que a partir dos 1870 até o pós-Segunda Guerra Mundial, formaram a maior quantidade de estrangeiros que para cá vieram, “fazer a América”.


Andiamo avanti
Nas primeiras décadas do século 16 era possível perceber o estabelecimento de alguns grupos de exilados políticos ou de degredados italianos no Brasil. Paradoxalmente, foi apenas depois da unificação da Itália (1870) que começou a se organizar o grande processo migratório para a América – que se transformaria, no período 1880-1902, em um enorme movimento de massas, figurando os Estados Unidos e a Argentina como principais países de destino. Brasil era o terceiro destino preferido, porém vários imigrantes chegaram aqui no Brasil por engano, afinal America é America, capice?
Mas este emigrantes italianos chegavam num paraíso terrestre ou num inferno tropical?
De perto, a Merica e o próprio processo de imigração eram bem diferentes do que se havia sonhado. Começava pelas agruras da longa viagem marítima – dois meses em veleiros, até o final da década de 1870, e de quase 30 dias nos barcos a vapor, dali por diante. 
Como imigrantes italianos, além de oriundi, tutti noi viramo anarquistas... graças a Deus!
A fermentação operária que se produzia no Brasil entre 1905 e 1920, com o descontentamento dos trabalhadores devido aos salários baixos, à exploração do trabalho feminino e infantil, à falta de assistência de saúde e à precariedade de alimentação e moradia, valeu-se de um grande número de imigrantes, que logo se distribuíram em grupos organizados, principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
As Influências culturais ou foi a confluência natural das mudanças?
O elemento linguístico e literário, a imprensa, o início das políticas assistenciais e o teatro.

Migna Terra (Juó Bananére - pseudônimo de Alexandre Marcondes Machado): 
Migna terra tê parmeras, 
Che ganta inzima o sabiá.
As aves che stó aqui,
Tembê tuttos sabi gorgeá.
A abobora celestia tambê,
Che tê lá na mia terra,
Tê moltos millió di strella
Che non tê na Ingraterra.
Os rios lá sô maise grandi
Dus rios di tuttas naçó;
I os matto si perde di vista,
Nu meio da imensidó.
Na migna terra tê parmeras
Dove ganta a galigna dangola;
Na migna terra tê o Vap'relli,
Chi só anda di gartolla.
Com meus bisavós também vieram alguns santos, vários milagres e muita comida
Com os italianos emigraram também para o Brasil seus santos prediletos – cuja devoção floresce até hoje, principalmente aqui em São Paulo. Tradicionais são algumas festas, abundantes em missas solenes, procissões e grandes feiras gastronômicas.
Se Jorge Amado produziu seus Capitães da Areia, nós paulistas, ganhamos os capitães da indústria
Não é possível estudar a história da industrialização no Brasil sem ressaltar o papel das empresas italianas, principalmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
il dramma, la commedia...
No mundo cultural paulistano, ficaram famosos os filodrammatici, sociedades teatrais amadoras que se espalharam pela cidade de 1898 em diante. Enquanto as companhias locais mantinham um repertório provinciano, “caipira”, recheado de chanchadas que apenas pretendiam fazer rir, o teatro italiano fazia circular ideias avançadas e estimulava o debate de questões sociais, com um repertório dramático que incluía os maiores autores internacionais da época, enriquecido ainda pela eventual participação de grandes artistas europeus que nos visitaram no período. 
...
Dados da Certidão do Arquivo publico do Estado de São Paulo:
Livro: 070
Página: 297
Família: 30790
Ano: 1902
Nome: NAZZARENO
Sobrenome: SOCCIARELLI
Sexo: Masculino
Nacionalidade: ITALIANA
Idade: 32
Est. Civil: CASADO
Religião: Católica
Procedência: Porto de NAPOLI
Data Nasc.: não informada
Profissão: AGRICULTOR
Destino: SÃO SIMÃO
Vapor: SEMPIONE
Chegada: Porto de Santos - 11/01/1902
...
Euphêmia nasceu na "comune" de Grádoli, província de Viterbo, na região de Lazio, Itália, na divisa com a Toscana. Sua família possuia uma minúscula propriedade às margens do lago de Bolsena, e era muito grande, ou seja pouca comida e muitas bocas. 
Euphêmia era filha de Nazzareno Socciarelli e Magdalena Marini Socciarelli. Seus irmãos: Ester, Enrico e Rosa. 
Nazareno Socciarelli, era genioso, ainda em Grádoli, na Itália se envolveu numa briga e deu uma canivetada na coxa de um indivíduo que estava apartando a briga. Passou meses escondido da polícia em uma região de morros, onde - diz a lenda familiar - havia umas ruínas. 
Segundo Ester Giuseppa Socciarelli, ela tinha 6 anos na época e às escondida, levava comida para o pai. Ainda, segundo Ester, a polícia local chegou a pedir soldados da "alta Itália" para perseguir Nazzareno. Os soldados descobriram que a menina se encontrava com o pai, e tentaram fazê-la contar onde ele se escondia, mas ela, não entregou o local do esconderijo.
Uma vez, na calada da noite, ele foi para casa. Um soldado e um oficial dos carabineri estavam de campana e ele foi preso. Magdalena, a esposa, abriu a porta e empurrou o oficial escadaria abaixo e levou do soldado um golpe na testa que abriu um talho. Ela foi presa. Como tinha um filho de colo, ficou com a criança na cela. O síndaco de Grádoli mandou então uma mensagem a Nazzareno. Que ele avaliasse até onde tinha chegado tudo aquilo, o risco que sua família estava correndo, sua esposa presa. Propôs que ele se entregasse à polícia e que ele, o síndaco, alimentaria sua família enquanto ele estivesse preso. Ele se entregou mas ameaçou o síndaco que arrancaria e comeria sua orelha se ele não cumprisse o trato. Foi condenado e cumpriu pena na Ísola de l'Erba, o prefeito cumpriu a promessa e não perdeu a orelha.
Em 1901 Nazzareno e sua familia deixaram a pequena propriedade para os demais Socciarelli e vieram para o Brasil. Durante a viagem Magdalena deu à luz a Humberto. O casal e seus cinco filhos foram trabalhar com outros 3.100 emigrantes que chegavam naquele ano na região de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, mais precisamente na fazenda Sinhá Junqueira. A família Socciarelli se deslocou ainda para uma ou duas outras fazendas de café entre a região de Ribeirão Preto, Ourinhos e o norte do Paraná antes dos filhos se casarem e se fixarem.
Euphêmia Socciarelli se casou aqui no Brasil com o também emigrante Alexandre Rosa (este um pobre bastardo, abandonado ainda bebe para adoção na Itália), se fixando em Ourinhos, SP. 
O casal teve 8 filhos: 5 homens - Joaquim, Humberto, Ernesto, Hugo e Alfredo e 3 mulheres Zulmira, Alzira e Olga - que deu à luz José Milton, Iria Tereza, Luiz Antônio e Ada Maria, minha mãe.


Compacto Duplo - Lado A: Once Upon A Time In America (Ennio Morricone); Homo Sapiens: Siammo Tutti Oriundi! Lado B: A Penesse* (folclore italiano - Lazio); Background: Tarantella; Tarantella Rosi i Scuri; Santa Luciota; La N'drezzata; I Disertori; Se Chanta; La Cupa Cupa; Ballu Tundu Iogurescu; Tutti Ci Hanno Querche Cosa*; Morte di Gesù* (folclore italiano)


(*) canções gentilmente pesquisadas e recolhidas por Vito Andolini - Radio Rossopomodoro Podcast 



TUTTI CI HANNO QUARCHE COSA


Tutti ci hanno qualche cosa
er più misero só io
trallallero lallero lallero
trallallero lallero lallà
Tutta copra di coloro
che su fanno er concistoro
e c'è pure chi si lagna
che non rende la campagna
Chi lavora è pallido e giallo
va sempre a piedi e mai a cavallo
Chi lavora fa la gobba 
chi non lavora fa la roba


Strofette che si cantavano, insieme a numerose altre dello stesso tenore, a Tarquinia (Viterbo), all'inizio del secolo, quando un cambiamento di colture mise in crisi l'economia agricola locale, estendendo il latifondo e trasformando numerosi coltivatori diretti in braccianti e disoccupati. Registrate a Tarquinia in ripetute occasioni da Gianni Kezich, Marco Muller e Sandro Portelli.




MORTE DI GESÙ
Morte di Gesù, Maria s'affanna
e il figlio fu legato alla colonna
Giuda che lo tradì non se ne 'nzonna
Popolo piangete, voi gente v'inchinate
che il redentore vostre l'hanno ammazzate
Morte di Gesù, Maria s'affanna
e il figlio fu legato alla colonna
che fu battuto da gente tiranna
Giuda che lo tradì non se ne 'nzonna
Quand'era nell'orto e il padre suo pregava
e se mi vuoi inchiodato fammi risorto
Quand'era arrivato allí trent'anni
aveva incominciati li suoi affami
Quando li trent'anni 'aveva passati
e i giorni suoi d'amore bell'e finiti
Morte di Gesù, Maria s'affanna
e il figlio fu legato alla colonna
che fu battuto da gente tiranna
Giuda che lo tradì non se ne 'nzonna
Figlio mio figlio assassinato
ti giuro che sarai ma vendicato
E va da Giovanni, il suo grande amore
giura che mio figlio hai da vendicare
Risponde Giovanni con grande sentimento
ci penseranno gli altri a far giuramento
Nel nome de Dio ti sapremo vendicare
nei giorni che saranno ti posso dire
Morte di Gesù, Maria s'affanna
e il figlio fu legato alla colonna
che fu battuto da gente tiranna
Giuda che lo tradì non se ne 'nzonna
E morte di Gesù, Maria s'affanna
nel vendere il figlio alla colonna
Morte di Gesù, Maria s'accora
tiene dietro al figlio finché si mora


Canto religioso del venerdì santo, eseguito sia durante le processioni sia durante la questua delle uova. Una versione, cantata da Giovanna Marini, rifacendosi a due lezioni, una raccolta del Reatino, ;'altra ascoltata dall'esecutrice a Cassino, è stata pubblicata in Controcanale 70, I Dischi del Sole, DS 1003/5. Cfr. anche la versione raccolta da Eugenio Cirese e pubblicata in Canti popolari della provincia di Rieti. Rieti, 1945. La presente versione rifonde alcuni elementi tratti sia dal testo della Marini, sia dalla lezione pubblicata dal Cirese.




A PENNESE
Lo vojo salutà s'it'alla messa
che lo mio amore fore m'aspetta
fore m'aspetta
Dove sei stata bella tanto tempo
ancora porti i fiori dell'está.
É notte è notte lu patron sospira
dice ch'è stata corta la giorná.
(lo voglio salutare, se è andato alla messa / il mio amore che me aspetta fuori / mi aspetta fuori / Dove sei stata bella tanto tempo / porti ancora i fiori dell'estate / É notte è notte il padrone sospira / dice che è stata corta la giornata)


Il canto a "pennese" è una forma di canto monostrofico di lavoro, ormai entrato a far parte del repertorio d'osteria, a causa del suo progressivo distacco dalle situazioni di lavoro. La registrazioni originale, su cui si basa la rielaborazione del Canzoniere del Lazio, effettuata sa Sandro Portelli a Marcelina (Roma) l'1/7/1970 sono pubblicate in La Sabina. Canti, balli, riti in una ricerca sul campo Sandro Portelli. I Dischi del Sole, DS, 517/19.

Comentários

Postagens mais visitadas