Caindo na real…
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Eu estava me preparando para escrever mais um destes artigos para e sobre podcasting, confortavelmente sentado, olhando para a tela do notebook, com aquele cursor piscando na minha frente, quando me veio à mente uma frase que não é inédita, com certeza, mas é interessante: O uso do podcast é ilimitado!
Frasezinha um tanto quanto messiânica, né?! Deixa eu explicar melhor.
Lembrei-me de meados de 2005 quando decidi que iria fazer um podcast e de minha primeira dúvida: “mas, sobre qual será o assunto que irei tratar nesse podcast, meu-deus?!”
Eu poderia falar sobre project management (minha área de atuação profissional), mas ela é uma área tão, ou senão, mais restrita e interessante quanto a “gerontologia masculina das tribos do alto xingu”...
Eu me encontrava realmente em um “mato sem cachorro”, tanto que passei quase seis meses pesquisando outros podcasts, alinhavando idéias e formatos, estruturando e avaliando conteúdos, e claro, aprendendo como manusear todas ferramentas de produção de um podcast “de cabo-a-rabo”.
Durante esta fase me dei conta de algo que definiu o formato plural e aberto do Impressões Digitais, quando me perguntei: “quem estaria interessado em ouvir um podcast?” A resposta foi estupidamente óbvia: qualquer um, uai!
Notei que havia já uma boa quantidade de ouvintes de podcasts dos mais variados assuntos, matizes e formatos e muito mais leitores de blogs e participantes de fóruns hiper-especializados. Vários deles já expressando suas opiniões sobre esta nova mídia ainda em seus primeiros e titubeantes passos. Aí, eu perdi todos meus receios e defini o meu podcast como um grande e genérico podcast onde falo de cultura, artes, comportamento humano e tecnologia. Pode pensar em qualquer tema que ele se encaixa em um destes tópicos.
Você deve estar achando que quando afirmo “o uso do podcast é ilimitado”, o faço porque produzo um podcast que abrange qualquer assunto? Ledo engano... Eu faço tal afirmação porque pode-se fazer um podcast sobre qualquer assunto, até “gerontologia masculina das tribos do alto xingu” ou “project management”. Porque não?!
Vamos ver alguns tipos de podcasts que são produzidos por aí:
Negócios – não importa que tipo de bens ou de serviços, há inúmeros e ótimos podcasts tratando desde assuntos para nichos específicos até sobre os grandes temas do mundo empresarial.
Educação – Educadores estão maravilhados com os resultados alcançados pela garotada de todos os níveis escolares quando eles se metem a desenvolver seus podcasts sobre temas desenvolvidos em sala de aula, ou quando usam seus mp3 players para levar aulas para qualquer lugar. Universitários constantemente utilizam o podcasting, principalmente, para distribuição de simpósios e congressos.
Passatempo – Podcast sobre pipas, papagaios, quadrados, pandorgas ou qualquer outro sinônimo para a arte chinesa? Quem estaria interessado em tal podcast? Bem... claro que em casos de hobbies inusitados, são sempre grupos muito pequenos, compostos por alguns poucos membros, entretanto, extremamente fiéis e participativos.
Tecnologia – Este é um dos temas favoritos da tchurminha, tanto produtores como ouvintes. Normalmente com um nome do tipo “qualquer-coisa-tech” e com basicamente dois formatos: análise das novidades e manual de funcionamento. O podcast sobre tecnologia é o chamado “mamão-com-mel”, assunto e informação fidedigna de apoio é o que não falta... basta uma pesquisa básica na Internet para montar uma pauta decente.
Música – Novamente, um dos temas mais recorrentes nas listas de podcasts. Principalmente pelos seguintes motivos: além de ser um formato simples de produção; sempre há alguém que domina um estilo musical, um recesso “indie”, ou possui uma coleção p’ra lá de estranha; e inúmeras bandas independentes vêem a “luz-no-fim-do-túnel”, e claro, cifrões, através do crescente número de podcasters garimpando pela próxima banda da década... O mercadão percebeu que o tempo de vacas-gordas já era, não dá para manter o modelito DRM e encher a burra deste modo. Várias outras formas de monetizar músicas distribuídas pela Internet começam a pipocar, veja o modelo de negócios da Magnatunes (www.magnatunes.com), por exemplo.
Rádio – As rádios públicas e comerciais, já descobriram que o podcasting é a melhor forma de re-distribuir sua produção, e óbvio, agregar mais valor a ela. O conceito da rádio plural e personalizada é atingido através do podcast, ponto final.
Grupos fechados de usuários – eu conheço alguns grupos comerciais que utilizam o podcasting para distribuir informações institucionais, mensagens da direção, cursos e aulas para treinamento das equipes de vendas, etc.
Jornalismo Profissional – A mídia tradicional, principalmente rádio e tv, percebeu há muito (e por isso mesmo domina este quesito como ninguém), que o tempo é seu pior inimigo. Tudo deve ser programado, com pouco espaço de manobra e, portanto, enxuto e direto. O podcasting, no entanto, permite que o jornalista possa, a viva voz, elaborar melhor o seu trabalho, sem ser pressionado pelos limites intrínsecos das mídias utilizadas pelo jornalismo, e possibilitando uma análise mais cômoda por parte do ouvinte.
Religião – Os famosos “godcasts” europeus e norte-americanos começam a fazer escola aqui pelas terras tupiniquins. Mas não pense que somente os sermões apopléticos e suarentos são divulgados, discussões teológicas e estudos de temas diversos de inúmeras religiões estão cada vez mais presentes nas listas de podcasts.
Áudio-livros – Para os deficientes visuais o podcasting em sua vertente literária é algo maravilhoso, até para os que como eu possuem uma visão quase perfeita (para a idade), ouvir pequenos contos e poemas na cama antes de dormir é uma experiência única.
Nem preciso me estender mais para demonstrar que o uso do podcasting é ilimitado como afirmei lá no início, ‘tá na cara que ainda existem muitas outras áreas, como misticismo, paganismo, sexo, esportes, ecologia, etc. Mas, isso é uma outra estória...
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