Grátis?



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Uma das mais definitivas características da comunidade ávida por podcasts é a sua gratuidade.

Eu, assim como vários outros ouvintes de podcasts, assino vários feeds, e assim que cada novo programa é publicado o agregador instalado o copia para meu computador... de graça!

Quando eu conecto o meu mp3 player no computador, os arquivos de áudio destes podcasts são transferidos para posterior audição - de graça - de todo um conteúdo produzido com carinho, cuidado, esmero e talento por pessoas - por princípio - extremamente interessantes espalhadas pelos quatro cantos deste mundão redondo de-meus-deuses. Tudo isso de graça!

Então, vamos calcular quanto custa para mim e qualquer outra pessoa sensata, assinar vários podcasts, recebê-los em seu computador e ouví-los quantas vezes quiser.

Vou, de cara, descontar o custo do provedor de internet desta equação, pois esta serviço eu já possuía, por outras razões, bem antes da invenção do podcasting. Assim como desconto também o custo do computador pelo mesmo motivo. Os agregadores podem ser copiados de graça na web, também as assinaturas de 99,99% dos podcasts não custam nadica de nada.

Somando todos estes "custos" chego a um total de ZERO reais, ou seja, é tudo de graça! Esta cultura de gratuidade que envolve o podcasting é um dos seus elementos-chave, é parte intrínseca do DNA desta mídia.

Alguém descreveu isto como sendo o "ethos", a alma, a essência moral do podcasting. E, ressalto, isto estende-se por todo o processo de podcasting, desde sua criação, passando pela elaboração, produção, pós-produção, publicação, distribuição até a transposição para mp3 players. As pessoas esperam que tudo ao longo deste processo seja de graça.

Desenvolvedores trabalham com ardor para que agregadores, editores de áudio e outras ferramentas digitais sejam distribuídas de graça. Até este artigo é produzido e publicado gratuitamente.

Chutando de bico com a perna ruim, dá para aceitar que há no mundo mais de cem mil podcasters? Ótimo. Imagine o volume de conteúdo produzido constantemente e distribuído... de graça!!!

Mas... será que "de graça" significa o mesmo que "sem custo"? Claro que não!

Os desenvolvedores de softwares para podcasting trabalham muito para oferecer ferramentas, as quais nós alegre e impunemente usamos, com destemor e despudor, na produção de conteúdo e de podcasts. Toda a energia e entusiasmo despendidos nesta lida são, normalmente e apenas, reconhecidos por outros desenvolvedores e podcasters...

Graças-aos-deuses, há serviços de hospedagem, se não gratuitos, com custos muito atrativos tanto para hospedagem como para consumo de banda. Mas também há aquele lado preciosista que - invariavelmente - nos leva às compras de microfones cardiódes com supressor, mixers, refletores, fones estéreo, etc. Tudo para uma melhor qualidade de captação de áudio.

Mesmo assim, considerando os custos que podem advir da aquisição de equipamentos, estes estão muito abaixo quando comprados com os de outros hobbies, como - por exemplo - fotografia. Então, no balaço geral, os podcasters não precisam desembolsar muito, o que - ainda bem - não exige a cobrança de uma taxa de assinatura dos ouvintes.

Entretanto (sempre há um senão), relembro, "grátis" não é a mesma coisa que "sem custo", e enquanto a gratuidade identificar e qualificar o podcast, tanto hoje como num futuro previsível, não dá para fugir da questão: Será que isto se manterá?

Na minha modesta opinião: SIM. Pois, considero que qualquer tentativa de se cobrar pela assinatura de podcasts é um tremendo equívoco. Considero também que - além de viável, e muito provável - logo teremos a inserção de peças comerciais nos podcasts, exatamente para manter-se a gratuidade do podcasting.





Sérgio Vieira - autor deste artigo, encara a produção de seu podcast como um hobby, mas atento à modernidade, não ficaria nem um pouco constrangido em receber remuneração financeira para inserir pequenas peças comerciais no Impressões Digitais.
http://impressoes.vocepod.com
idigitais@gmail.com

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