I Dig it 040

Hoje é dia de Podcast Impressões Digitais em sua quadragésima edição - versão Compacto Duplo.

LADO A & B - I´ve got you under my skin (Cole Porter)
Fransces Day (lado A), Frank Sinatra e Bonno Vox (lado B)
I've got you under my skin
I've got you deep in the heart of me
So deep in my heart, that you're really a part of me
I've got you under my skin
I've tried so not to give in
I've said to myself this affair never will go so well
But why should I try to resist, when baby will I know so well
That I've got you under my skin
I'd sacrifice anything come what might
For the sake of having you near
In spite of a warning voice that comes in the night
And repeats, repeats in my ear
Don't you know you fool, you never can win
Use your mentality, wake up to reality
But each time I do, just the thought of you
Makes me stop before I begin
'Cause I've got you under my skin

INTRO - Não resisti e só usei como background músicas dos anos 30 e 40... a garotada vai estranhar pacas! Mas como o tema do Homo Sapiens é a releitura (maniqueísta) da nossa historia recente - os anos do Estado Novo de Vargas. A coesão do podcast ficou garantida.

HOMO SAPIENS - Certas releituras da política de nosso país realmente me deixam abestalhado pela capacidade demonstrada por alguns ditos intelectuais na distorção pura e simples de uma realidade histórica...
Há pessoas divulgando que o estado novo de Getúlio Vargas não foi apenas uma tirania, mas um sistema político necessário que legou a industrialização ao Brasil. Para estes, Vargas foi um déspota esclarecido, líder de uma “revolução pelo alto” que lançou as bases da industrialização do Brasil.
Uma das facetas das novas estruturas sócio-econômicas surgidas em 1920, é sem dúvida a crítica às instituições representativas da democracia liberal. A reação a este movimento liberal veio na forma de substituição dos partidos e das organizações por câmaras ou setores da produção organizados e liderados por um Estado fortalecido e extremamente centralizador.
Vargas não foi capaz de chegar através do voto à Presidência em 1930 . Seu grupo resolveu então através de um golpe alçá-lo ao poder e invalidaram a Constituição republicana. Uma nova Constituição só foi estabelecida em 1934, e completamente desprezada pela ditadura Vargas até o golpe final em 10 de novembro de 1937, quando da outorga pelo próprio ditador Vargas de uma constituiçãoque validou a ditadura do Estado Novo até 1945.
Alguns destes neo-historiadores não avaliam as transformações ocorridas com o reconhecimento de direitos trabalhistas - a famosa CLT, conjunto de leis totalmente baseado na Carta del Lavoro fascista de Mussolini - mesmo que o preço disso tenha sido a perda da autonomia política dos trabalhadores pelo atrelamento dos sindicatos ao Estado. Da mesma forma, saudando os benefícios aos “trabalhadores do Brasil”, outros passam ao largo do engessamento causado pelo caudilhismo e peleguismo, quase não tocando nos desmandos dos interventores da ditadura no governo dos estados e nas milhares de arbitrariedades jurídicas. Antes de ceder às pressões econômicas e políticas e ingressar na II Guerra Mundial ao lado dos aliados, Getúlio Vargas deixava claro sua simpatia pelos regimes fortes.
Setenta anos depois da implantação do Estado Novo, não estamos ainda no que Braudel chamava de “tempo longo”, mas já é possível analisar aquele período de maneira menos maniqueísta, mas não tão levianamente quanto este pessoal... Analisando as datas de inauguração da CSN, da CVRD, da FNM de da CHESF verifica-se que industrialização promovida pela ditadura de Vargas iniciada em 1930 só ocorre pelas ações de guerra do início dos anos 40 e de subsídio ao pós-guerra, ambas dirigidas pelos EUA!
No final de 1945, a vitória aliada na Segunda Guerra e a própria conjuntura nacional viraram o País de cabeça para baixo. Um país calcado no velho fascimo derrotado e extinto nos campos europeus não podia mais existir no campo geo-político do grande vencedor... Um novo realinhamento de forças políticas e, principalmente, do status quo depuseram Vargas em 29 de outubro daquele ano. O Brasil nunca mais seria o mesmo.

BACKGROUND - Rosalie / Love for sale (Cole Porter), A Media Luz - Hugo del Carril (Carlos Gardel), Sweet Lorraine / Jumpin´ At the Woodside / Chicago / Get Happy (Benny Goldmann).

INCIDENTAL - Getúlio Vargas, South American Way - Carmen Miranda (McHugh - Dubin)

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