O dólar e o "custo Brasil"

Não sou de falar sobre economia, mas para quem passou - ao longo de toda sua vida - por todas as mudanças e de moedas e mirabolantes planos heterodoxos e ortodoxos produzidos por toda uma geração de místicos da PUC de Campinas ou FGV do Rio e de São Paulo, pode sim (até com certa licença poética) analisar o que acontece.

Com a entrada maciça de dólares no país (afinal aqui paga-se uma boa taxa para dinheiro volátil) a cotação da moeda-padrão (US$) despencou. O real, assim sobrevalorizado, emperra as exportações e na abre a possibilidade de importação a custo menor (se bem que distante de barato).

Qual solução?  O governo, meio que perdido com a condição maluca e descontrolada da economia mundial, utilizou-se da velha receita: vamos criar impostos para encobrir a ineficiência estrutural do país. E assim: puft! Vamos taxar com IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) o ingresso de recursos estrangeiros, canalizados para os mercados de renda  fixa e de capitais.

Como na prática a taxa de juros real (acima da inflação) é muito atrativa, creio que não será a alíquota de 2% deste novo imposto que irá segurar a cotação do dólar.

E onde entra o custo Brasil, lá do título deste artigo nesta história? Simples, o termo "custo Brasil" que representa romanticamente a total falta de competitividade dos produtos brasileiros, desempenha - junto com essa realidade cambial - um papel estrutural e decisivo no futuro próximo e de longo prazo do nosso país.

Todos sabemos, menos o poder institucional, que os custos de produção/distribuição/comercialização brasileiro é onerado com uma carga tributária elevada (efeito cascata e profusão de regramentos, causando conflitos e ilegalidades), juros nas alturas, leis trabalhistas ultrapassadas, judiciário lento e arcaico, infraestrutura nula no armazenamento e escoamento da produção (estradas ruins, portos e aeroportos obsoletos), falta de mão-de-obra especializada... ou seja, um circulo vicioso que se auto-deteriora, criando, por fim, um estado estático, ineficiente e corrupto.

Sem dúvida (ao mesno pra mim) o principal desafio da nova geração é: frente a realidade, lutar para a eliminação de todo o desperdício de recursos que o Brasil carrega em sua estrutura social-política e administrativa.

Se efetivamente o Brasil se apresenta como "a bola da vez" e promete ser um porto seguro para os próximos anos para o capital estrangeiro, pode-se conseguir finalmente sair deste voo de galinha, evoluindo para - ao menos - um voo de pato. Mas, se ficarmos nessa de aplicar aqui e ali taxações sem eira nem beira, e não se atacar as causas do problema, vai ser difícil, muito difícil as novas gerações viverem bem neste país (e 'tá, vou ser otimista) promissor.

Olhando isoladamente para este caso do IOF dá até para desconfiar: será que o governo federal não está querendo somente compensar a perda de arrecadação deste ano, criando um novo imposto?!

Éééé.. Nação que pensa somente no curto prazo, que empurra seus desafios para a próxima geração assemelha-se àqueles que não planejam para onde querem ir, e aí, qualquer lugar é lugar.

Posted via web from Impressões Digitais

Comentários

Postagens mais visitadas