Uma vida...
Somos em quatro irmãos nascidos em 1957, 1958, 1961 e 1968.
Eu sou o primogênito e todos fomos criados em um pequeno (há época de minha infância imeeenso) sobrado em terreno longo e mágico, numa rua da Casa Verde, bairro classe média baixa de São Paulo.
Após ter saído de casa em janeiro 1975 aos, 17 anos rumo a Lins, para estudar Engenharia, voltei esporadicamente ao sobrado que já, a mim se tornava um lugar onde a minha família morava. Eu? Bem... eu já pertencia ao mundo das minhas próprias decisões e indecisões.
Em 1977, meu pai - impetuoso e solitário como sempre - tempestivamente decidiu e deixou o sobrado, levando a família para sua terra natal, que - pra minha alegria ficava a 50 km de onde eu estudava. Nos anos que se seguiram passamos por poucas e boas, cada um dos irmãos se ajeitavam como lhes era possível, estudando, trabalhando e a cada período um seguindo a sua própria vida.
Zanzamos por aí: um por Ilha Solteira e Bauru, outro por Apucarana, mas todos acabaram de volta a São Paulo... Nossos pais, jovens, faleceram... ficamos velhos e órfãos.
Inúmeras vezes e isoladamente - tenho certeza - cada um de nós voltou ao antigo nº 712 da Rua Saguairu e passeou vagarosamente pela vizinhança encontrando e reconhecendo um antigo morador aqui ou acolá, um ou outro companheiro de escola tocando o negócio que era de seu pai ou uma antiga namoradinha...
Três dos irmãos casaram e nossas mulheres nos deram filhas e filho. Um dos quatro irmãos, único, até hoje solteiro no estado civil - mas compreensivelmente casado com o Mundo - decidiu, há uma década, viver de coração, em seu porto seguro, salvador.
Desde então sinto-me um imbecil por nunca ter ido visitá-lo. Não pelo calor, pela praia, pelas férias, pela farra, pela Bahia, mas por minha total displicência para com ele. Miseravelmente falhei como irmão...
Hoje pela manhã noto um email perdido entre dezenas, centenas... é do meu já soteropolitano irmão, deixo para ler seu conteúdo em casa. O email em si apenas explica o que e como foi elaborado o seu anexo, que com orgulho imenso (por um lado) e nó maior ainda na garganta (por outro) compartilho com todos vocês:
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