I Dig it 038
Hoje é dia de Podcast Impressões Digitais em sua trigésima-oitava edição - versão Compacto Duplo.
LADO A:
2001- Mutantes (Rita Lee e Tom Zé); álbum Mutantes, 1969
Astronauta libertado
Minha vida me ultrapassa
Em qualquer rota que eu faça
Dei um grito no escuro
Sou parceiro do futuro
Na reluzente galáxia
Eu quase posso palpar
A minha vida que grita
Emprenha e se reproduz
Na velocidade da luz
A cor do céu me compõe
O mar azul me dissolve
A equação me propõe
Computador me resolve
Astronauta libertado
Minha vida me ultrapassa
Em qualquer rota que eu faça
Dei um grito no escuro
Sou parceiro do futuro
Na reluzente galáxia
Amei a velocidade
Casei com sete planetas
Por filho, cor e espaço
Não me tenho nem me faço
A rota do ano-luz
Calculo dentro do passo
Minha dor é cicatriz
Minha morte não me quis
Nos braços de dois mil anos
Eu nasci sem Ter idade
Sou casado sou solteiro
Sou baiano e estrangeiro
Meu sangue é de gasolina
Correndo não tenho mágoa
Meu peito é de sal de fruta
Fervendo no copo d'água
Astronauta libertado
Minha vida me ultrapassa
Em qualquer rota que eu faça
Dei um grito no escuro
Sou parceiro do futuro
Na reluzente galáxia
INTRO: Você, provavelmente mais novo, atento e esperto notou que Tom e Rita brincam já nos idos de 68, bem no início da revolução da comunicação de massa, com nossa cultura frente ao futurismo do filme do Stanley Kubrick, 2001 Uma Odisséia no Espaço. Até os efeitos sonoros quando da aparição do monolito no filme são sacaneados pelos Mutantes nesta gravação. assim como percebeu, ao ouvir o trecho rock, desta visão tropicalista e musical, um certo quê do Pato Fu, né? A voz da Rita e da Takai se confundem...
Up date (24.Out) - Meninas me desculpem. Esqueci de coloocar os links de seus podcasts que citei no podcast, assim, aqui estão os ditos:
Privada Elétrica Podcast da Carolina Garofani de Curitiba,PR.
Aline Multiply Podcast da Aline Rodrigues do Rio de Janeiro, RJ.
HOMO SAPIENS: Neste Homo Sapiens eu retomo as idéias de Marshall McLuhan - lááá dos idos de 1960 e caquerada - para tentar clarear o que anda acontecendo com esta profusão de meios e uma torturante falta de mensagens...
ATENÇÃO RAPAZIADA: O MEIO É A MENSAGEM!!! Essa é a central deste canadense, ou seja, a mídia é um elemento determinante da comunicação. Pois até então o meio era geralmente pensado como simples canal de passagem do conteúdo comunicativo, mero veículo de transmissão da mensagem.
McLuhan chama a atenção para o fato de que uma mensagem quando proferida, transmitida por alguma mídia, introduz e exige diferentes estruturas perceptivas, desencadeando diferentes mecanismos de compreensão, ganhando diferentes contornos e tonalidades, e no extremo adquirindo diferentes significados. Em outras palavras, para McLuhan, o meio, o canal, a tecnologia em que a comunicação se estabelece, não apenas constitui a forma comunicativa, mas determina o próprio conteúdo da comunicação.
Partindo desta tese central, McLuhan aprimora seus estudos já abordados em seus outros 2 livros fundamentais: The Gutenberg Galaxy: The making of Typographic Man, de 1962 - onde analisa a evolução dos meios comunicativos usados pelos homens ao longo da sua História; e, Understanding Media: The extensions of Man, de 196, no qual identifica as características específicas de cada um desses diferentes meios de comunicação.
McLuhan distingue também três grandes períodos, culturas ou como ele as chamou: galáxias: A cultura oral ou acústica, própria das sociedades não-alfabetizadas; a cultura tipográfica ou visual que caracteriza as sociedades alfabetizadas; e a cultura eletrônica, determinada pela velocidade instantânea que caracteriza os meios foto-elétricos de comunicação e pela integração sensorial para que esses meios apelam.
Pela sua riqueza interpretativa e sugestiva, a palavra oral subscita à criatividade de quem fala e de quem ouve, estimula a imaginação, deixa o ouvinte livre para imaginar a seu modo as realidades e acontecimentos de que ela fala, ao passo que a escrita favorece a adoção de um ponto de vista único, desenvolve a uniformidade de quem escreve e de quem lê, suscita a ordenação lógica do discurso permitindo a construção de saberes racionais.
Quanto aos meios de comunicação elétrica, a sua instantaneidade, a velocidade com que a difusão das mensagens é feita, o caráter massivo da sua recepção (difusão), não só permite a partilha de experiências distantes e exóticas, como promove um novo tipo de aproximação social, agora em larga escala.
Como diz McLuhan, “A era eletrônica, que sucede à era tipográfica e mecânica dos quinhentos últimos anos, coloca-nos face a novas formas e a novas estruturas de interdependência humana“.
Não é estranho que MacLuhan defenda que as novas formas de interdependência que a tecnologia eletrônica arrasta consigo estejam, afinal, recriando o mundo à imagem de uma “aldeia global“ atravessada, e mesmo constituída, por redes altamente complexas de velozes e vibrantes meios de comunicação.
Ao permitir, e mesmo solicitar, a participação ativa da pessoa no seu próprio processo de aprendizagem, ao colocar à sua frente um universo permissivo onde a exploração imaginativa é livre no estabelecimento de encontros, aproximações, agregações sugestivas, redes analógicas insuspeitas, a formação cultural cibernética vislumbrada faz desaparecer o paradoxo da sociedade industrial do século 20, o binômio trabalho / lazer.
Em termos de históricos e filosóficos, é importante sublinhar: a tese de Macluhan segundo a qual as mutações fundamentais na História do Homem são pontuadas, não por grandes acontecimentos políticos, grandes decobertas, invenções ou progressos no conhecimento humano, mas pelo desenvolvimento de determinados canais ou meios de comunicação; e a necessidade, apontada por ele, de se pensar sobre a educação, o conhecimento, e a cultura face aos meios de comunicação e às suas transformações.
Não se trata de saber se somos nós que dominamos as mídias ou se somos dominados por elas, mas de perceber em que medida elas nos transformam (a nós e às instituições).
Numa época em que, como a nossa, os meios são cada vez mais poderosos e variados em todo o planeta, num momento em que a sociedade sinaliza sua sujeição a um processo de mediocratização e hedonismo cada vez mais preocupantes, não me parece legítimo que se possa continuar a pensar a cultura local e global sem questionar o papel das mídias e seus aspectos de distribuição, penetração, convergência, personalização e portabilidade.
Daí quem sabe eu, você, os estudiosos e os pesquisadores conseguiremos entender porque - em meio a seconds lifes, twiters, teatros mutimidiados e cinemas interativos - é legal a tropa e um certo capitão nascimento se tornarem parte dessa "elite".
LADO B: Panis Et Circenses - Mutantes (Caetano Veloso e Gilberto Gil); álbum Tropicália ou Panis et Circenses, 1968
Eu quis cantar minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
Mandei fazer de puro aço luminoso um punhal
Para matar o meu amor e matei
Às cinco horas na avenida central
Mas as pessoas da sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
Mandei plantar folhas de sonhos no jardim do solar
As folhas sabem procurar pelo sol
E as raízes procurar, procurar
Mas as pessoas da sala de jantar
Essas pessoas da sala de jantar
São as pessoas da sala de jantar
Mas as pessoas da sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
Essas pessoas da sala de jantar (10 vezes)
Essas pessoas na sala...
LADO B (Bônus): Don Quixote (Rita Lee e Arnaldo Baptista)
A vida é um moinho
É um sonho o caminho
É do Sancho, o Quixote
Chupando chiclete
O Sancho tem chance
E a chance é o chicote
É o vento e a morte
Mascando o Quixote
Chicote no Sancho
Moinho sem vinho
Não corra me puxe
Meu vinho meu crush
Que triste caminho
Sem Sancho ou Quixote
Sua chance em chicote
Sua vida na morte
Vem devagar
Dia há de chegar
E a vida há de parar
Para o Sancho descer
E os jornais todos a anunciar
Dulcinéia que vai se casar
Vê, vê que tudo mudou
Vê, o comércio fechou
Vê e o menino morreu
E os jornais todos a anunciar
Armadura e espada a rifar
Dom Quixote cantar na TV
Vai cantar pra subir
BACKGROUND: Mozart Symphony No 40 (Waldo de Los Rios), Annen Polka, op. .117 (Johann Strauss), Beethoven La Pastorale e Haydn Symphonie No 101 (Waldo de Los Rios)
LADO A:
2001- Mutantes (Rita Lee e Tom Zé); álbum Mutantes, 1969
Astronauta libertado
Minha vida me ultrapassa
Em qualquer rota que eu faça
Dei um grito no escuro
Sou parceiro do futuro
Na reluzente galáxia
Eu quase posso palpar
A minha vida que grita
Emprenha e se reproduz
Na velocidade da luz
A cor do céu me compõe
O mar azul me dissolve
A equação me propõe
Computador me resolve
Astronauta libertado
Minha vida me ultrapassa
Em qualquer rota que eu faça
Dei um grito no escuro
Sou parceiro do futuro
Na reluzente galáxia
Amei a velocidade
Casei com sete planetas
Por filho, cor e espaço
Não me tenho nem me faço
A rota do ano-luz
Calculo dentro do passo
Minha dor é cicatriz
Minha morte não me quis
Nos braços de dois mil anos
Eu nasci sem Ter idade
Sou casado sou solteiro
Sou baiano e estrangeiro
Meu sangue é de gasolina
Correndo não tenho mágoa
Meu peito é de sal de fruta
Fervendo no copo d'água
Astronauta libertado
Minha vida me ultrapassa
Em qualquer rota que eu faça
Dei um grito no escuro
Sou parceiro do futuro
Na reluzente galáxia
INTRO: Você, provavelmente mais novo, atento e esperto notou que Tom e Rita brincam já nos idos de 68, bem no início da revolução da comunicação de massa, com nossa cultura frente ao futurismo do filme do Stanley Kubrick, 2001 Uma Odisséia no Espaço. Até os efeitos sonoros quando da aparição do monolito no filme são sacaneados pelos Mutantes nesta gravação. assim como percebeu, ao ouvir o trecho rock, desta visão tropicalista e musical, um certo quê do Pato Fu, né? A voz da Rita e da Takai se confundem...
Up date (24.Out) - Meninas me desculpem. Esqueci de coloocar os links de seus podcasts que citei no podcast, assim, aqui estão os ditos:
Privada Elétrica Podcast da Carolina Garofani de Curitiba,PR.
Aline Multiply Podcast da Aline Rodrigues do Rio de Janeiro, RJ.
HOMO SAPIENS: Neste Homo Sapiens eu retomo as idéias de Marshall McLuhan - lááá dos idos de 1960 e caquerada - para tentar clarear o que anda acontecendo com esta profusão de meios e uma torturante falta de mensagens...
ATENÇÃO RAPAZIADA: O MEIO É A MENSAGEM!!! Essa é a central deste canadense, ou seja, a mídia é um elemento determinante da comunicação. Pois até então o meio era geralmente pensado como simples canal de passagem do conteúdo comunicativo, mero veículo de transmissão da mensagem.
McLuhan chama a atenção para o fato de que uma mensagem quando proferida, transmitida por alguma mídia, introduz e exige diferentes estruturas perceptivas, desencadeando diferentes mecanismos de compreensão, ganhando diferentes contornos e tonalidades, e no extremo adquirindo diferentes significados. Em outras palavras, para McLuhan, o meio, o canal, a tecnologia em que a comunicação se estabelece, não apenas constitui a forma comunicativa, mas determina o próprio conteúdo da comunicação.
Partindo desta tese central, McLuhan aprimora seus estudos já abordados em seus outros 2 livros fundamentais: The Gutenberg Galaxy: The making of Typographic Man, de 1962 - onde analisa a evolução dos meios comunicativos usados pelos homens ao longo da sua História; e, Understanding Media: The extensions of Man, de 196, no qual identifica as características específicas de cada um desses diferentes meios de comunicação.
McLuhan distingue também três grandes períodos, culturas ou como ele as chamou: galáxias: A cultura oral ou acústica, própria das sociedades não-alfabetizadas; a cultura tipográfica ou visual que caracteriza as sociedades alfabetizadas; e a cultura eletrônica, determinada pela velocidade instantânea que caracteriza os meios foto-elétricos de comunicação e pela integração sensorial para que esses meios apelam.
Pela sua riqueza interpretativa e sugestiva, a palavra oral subscita à criatividade de quem fala e de quem ouve, estimula a imaginação, deixa o ouvinte livre para imaginar a seu modo as realidades e acontecimentos de que ela fala, ao passo que a escrita favorece a adoção de um ponto de vista único, desenvolve a uniformidade de quem escreve e de quem lê, suscita a ordenação lógica do discurso permitindo a construção de saberes racionais.
Quanto aos meios de comunicação elétrica, a sua instantaneidade, a velocidade com que a difusão das mensagens é feita, o caráter massivo da sua recepção (difusão), não só permite a partilha de experiências distantes e exóticas, como promove um novo tipo de aproximação social, agora em larga escala.
Como diz McLuhan, “A era eletrônica, que sucede à era tipográfica e mecânica dos quinhentos últimos anos, coloca-nos face a novas formas e a novas estruturas de interdependência humana“.
Não é estranho que MacLuhan defenda que as novas formas de interdependência que a tecnologia eletrônica arrasta consigo estejam, afinal, recriando o mundo à imagem de uma “aldeia global“ atravessada, e mesmo constituída, por redes altamente complexas de velozes e vibrantes meios de comunicação.
Ao permitir, e mesmo solicitar, a participação ativa da pessoa no seu próprio processo de aprendizagem, ao colocar à sua frente um universo permissivo onde a exploração imaginativa é livre no estabelecimento de encontros, aproximações, agregações sugestivas, redes analógicas insuspeitas, a formação cultural cibernética vislumbrada faz desaparecer o paradoxo da sociedade industrial do século 20, o binômio trabalho / lazer.
Em termos de históricos e filosóficos, é importante sublinhar: a tese de Macluhan segundo a qual as mutações fundamentais na História do Homem são pontuadas, não por grandes acontecimentos políticos, grandes decobertas, invenções ou progressos no conhecimento humano, mas pelo desenvolvimento de determinados canais ou meios de comunicação; e a necessidade, apontada por ele, de se pensar sobre a educação, o conhecimento, e a cultura face aos meios de comunicação e às suas transformações.
Não se trata de saber se somos nós que dominamos as mídias ou se somos dominados por elas, mas de perceber em que medida elas nos transformam (a nós e às instituições).
Numa época em que, como a nossa, os meios são cada vez mais poderosos e variados em todo o planeta, num momento em que a sociedade sinaliza sua sujeição a um processo de mediocratização e hedonismo cada vez mais preocupantes, não me parece legítimo que se possa continuar a pensar a cultura local e global sem questionar o papel das mídias e seus aspectos de distribuição, penetração, convergência, personalização e portabilidade.
Daí quem sabe eu, você, os estudiosos e os pesquisadores conseguiremos entender porque - em meio a seconds lifes, twiters, teatros mutimidiados e cinemas interativos - é legal a tropa e um certo capitão nascimento se tornarem parte dessa "elite".
LADO B: Panis Et Circenses - Mutantes (Caetano Veloso e Gilberto Gil); álbum Tropicália ou Panis et Circenses, 1968
Eu quis cantar minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
Mandei fazer de puro aço luminoso um punhal
Para matar o meu amor e matei
Às cinco horas na avenida central
Mas as pessoas da sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
Mandei plantar folhas de sonhos no jardim do solar
As folhas sabem procurar pelo sol
E as raízes procurar, procurar
Mas as pessoas da sala de jantar
Essas pessoas da sala de jantar
São as pessoas da sala de jantar
Mas as pessoas da sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
Essas pessoas da sala de jantar (10 vezes)
Essas pessoas na sala...
LADO B (Bônus): Don Quixote (Rita Lee e Arnaldo Baptista)
A vida é um moinho
É um sonho o caminho
É do Sancho, o Quixote
Chupando chiclete
O Sancho tem chance
E a chance é o chicote
É o vento e a morte
Mascando o Quixote
Chicote no Sancho
Moinho sem vinho
Não corra me puxe
Meu vinho meu crush
Que triste caminho
Sem Sancho ou Quixote
Sua chance em chicote
Sua vida na morte
Vem devagar
Dia há de chegar
E a vida há de parar
Para o Sancho descer
E os jornais todos a anunciar
Dulcinéia que vai se casar
Vê, vê que tudo mudou
Vê, o comércio fechou
Vê e o menino morreu
E os jornais todos a anunciar
Armadura e espada a rifar
Dom Quixote cantar na TV
Vai cantar pra subir
BACKGROUND: Mozart Symphony No 40 (Waldo de Los Rios), Annen Polka, op. .117 (Johann Strauss), Beethoven La Pastorale e Haydn Symphonie No 101 (Waldo de Los Rios)
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