Direto da década de 1970

O título deste blog é o mesmo usado em inúmeros cadernos onde eu despejava meus textos na década de 70/80... 
Escrevi muito. Vários cadernos foram simplesmente dados a pessoas que atravessaram minha vida e me roubaram instantes na memória, alguns outros cadernos sumiram entre caixas, mudanças e desatenções. Apenas 3 exemplares sobreviveram e se encontram comigo (além de uma bela quantidade de folhas soltas devidamente entuchadas numa gaveta).
Desta coletânea de antiguidades escolherei - aleatoriamente - alguns para publicar aqui. Não espere alguma ordem cronológica ou coerência literária, apenas descobri um modo simples e divertido de guardar - digitalmente - esse monte de papel amarelado. 

Abaixo um exemplo juvenil deste vetusto senhor que em alguns dias (exatamente no Towel Day) completa, pela 53ª vez, em vôo solo, mais um giro em torno do Sol.

Timbre (jan1975)
Reprimo em mim a memória de minha estirpe
Qualificada e fincada pelos séculos
No meio de um nome, de uma traição.
O sufocante ar latente que me dirige
Para algo que eu não sei bem o que é
Ou mais precisamente, o que foi
Delega-me moldes e condutas
Tiques e nuances
Nesse meio tempo de vida.
Meu passado é algo mais que minha infância
E meu presente é algo mais que eu próprio
Prossigo impune e renitente
Atrás de mim, destoado
Numa oitava, ou terça 
Do eu dissonante.

Nota: a foto registra José Carlos Pace, o Moco - em Interlagos, São Paulo na tarde de 26 de janeiro de 1975 quando fez primeira "dobradinha" brasileira na Fórmula 1, com Emerson Fittipaldi, o Rato.

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